5. Audiovisual

Partilhar pesquisas em vídeo é algo que tem despertado o meu interesse; não apenas por uma questão de visibilidade, mas sobretudo como motivação para a concretização de propostas através de um formato artístico acessível e aberto ao público. Em 2019, iniciei o projecto 59s no qual me proponho a compor pequenas frases independentes, gravá-las e editá-las. Optei por repetir cada frase duas vezes mantendo a câmera fixa, mudando apenas o zoom. No momento da edição seleciono a melhor perspectiva para cada momento, mantendo uma certa linearidade que se traduz em dramaturgia. A alternância de planos —geral e primeiro plano— é a principal responsável pela impressão de dinâmica nestes vídeos.

Após este projecto, decidi gravar com o telemóvel o documentário 59d. Registei algumas das minhas experiências durante o período de 59 dias, com início a 24 de Dezembro de 2019. No link podem encontrar o texto onde descrevo o processo.

Performance e vídeo são, para mim, dois meios válidos de comunicação e, com a prática, sinto-me tão confortável atrás como à frente da câmera, apesar das limitações inerentes a gravar-me e editar-me a mim mesma. Este projecto terá certamente uma forte componente de corpo e de audiovisual. Numa fase inicial de pesquisa proponho-me a dirigir, interpretar, filmar e editar. A relação com a câmera e as estratégias a adoptar aquando a filmagem e a edição, são os principais tópicos a considerar em cada pesquisa. O objectivo é que cada um destes blocos, ou micro cenas, tenha um interesse que vá além do registo.

Estas micro cenas para vídeo partem da procura de um outro espaço e uma outra dimensão onde existir. Uma narradora desdobra-se em diferentes personagens, num exercício de empatia. Inserida num ambiente entre a paisagem natural e a mão humana, dá corpo a todos os que a habitam. Faróis afectivos, como palavras e sons, conduzem improvisações que se desenlaçam em tempo real com diferentes texturas e luminosidades, sem que necessariamente haja uma resolução. Das palavras que se transformam em dança resultam novas palavras. Ocupação, apropriação e contaminação. Quanto mostrar e quanto sugerir?