O nome do projecto apareceu no conto Marido de Lídia Jorge, umas das leituras que fiz depois de ouvir a escritora na rádio. No final do texto, a palavra ressaltou da página. Ateia, de atear, ou um estado de espírito arrebatador de onde surge o movimento e a pausa.
Da reflexão provocada pelos faróis iniciais, destaquei alguns pontos. Talvez o principal seja a ideia de uma força individual que apenas existe em relação com um colectivo ou com a consciência deste colectivo teia. Ser uma que são muitos. Da literatura, surgiu a vontade de trabalhar a partir de uma personagem, possivelmente uma narradora omnisciente.
A par deste levantamento, começaram a surgir algumas questões: Ateia é apenas um projecto de dança? É apenas um espectáculo? É um espectáculo? Onde tem lugar? Com que equipa? Com que apoios? Que inputs podem contribuir para a construção da personagem? Segundo João Tordo, se a tua prosa for verdadeira, nunca precisarás de dizer porquê, apenas quem, como, onde, quando. Algumas da questões levantadas ainda estou a tentar responder. Esta é, para mim, uma das melhores partes do processo, quando este ainda pode ser tudo mas a direcção já se vai desenhando. De momento opto por deixar em aberto o ou os formatos em que o projecto se poderá vir a materializar.
Nesta fase inicial de definição, escrevi a sinopse provisória de Ateia.