E no entanto, na humildade do desastre, uma flor nova irrompe — nova. Como a primeira flor ao vento sobre a face da Terra. Porque nós estamos vivos e toda a grandeza assim se nos mantém. Estamos vivos, sabemo-lo. O facho de luz que de nós se projecta, a nós regressa e ilumina — ilumina o que não desejamos destruir.
Vergílio Ferreira in Invocação ao Meu Corpo

Erms (do catalão) são terrenos que foram explorados até ficaram sem nada, estéreis desertos. Erms são também campos que estão longe da civilização, onde a vida se gera, espontânea, independente da vontade humana.

O ponto de partida para a criação deste projecto surge durante a visualização do documentário O Sal da Terra de Wim Wenders e Juliano Ribeiro, sobre o fotógrafo Sebastião Salgado. Impressionou-me a quantidade de desastre humano que um indivíduo pode chegar a testemunhar e a reação de esvaziamento do seu corpo, como consequência. Inspirou-me a decisão de indivíduos de inverter um desastre provocado Homem. Surpreendeu-me a relativa rapidez com que se pode reconstruir todo um ecossistema. Enterneceu-me o processo interior que pode acontecer no indivíduo à medida que cuida e observa o vibrante crescendo de vida que acontece ao seu redor.

[:pt]Erm Teresa Santos Grito imagens[:]
Nuno Leites
Sinopse

Erm. Um olhar ao desastre humano e um corpo que se expande em busca de equilíbrio.

Lugar deserto. Longínquo. Inabitado. Onde o nada floresce e a vida se encontra, solitária. Trespassados e engolidos pela brutalidade de uma sociedade que não pára de crescer, escasseiam lugares ermos. Escasseia espaço. Escasseia tempo. Erm fala do desastre humano e de como nos posicionamos perante este, numa tentativa de encontrar um equilíbrio. Fala da responsabilidade para com o meio que nos rodeia, para com as gerações presentes e futuras e do que queremos cuidar e não destruir. Fala no feminino. É ancestral e atemporal.

Teresa Santos
Ficha técnica e artística

Concepção, direcção e interpretação
Teresa Santos

Música original
Jordina Millà

Olhar externo e operação
Dídac Gilabert

Desenho de luz
Dídac Gilabert e Teresa Santos

Fotografia
Teresa Santos

Fotografia de cena
Nuno Leites

Vídeo
Registo: Cine-Teatro Garrett
Edição: Teresa Santos

Co-produção
Grito imagens / Ventos e Tempestades

Apresentações

Cal Comabella, Balaguer
FIS – Festival Internacional de Solos