2016
Sala e espaços alternativos
40′
Erms (do catalão) são terrenos que foram explorados até ficaram sem nada, estéreis desertos. Erms são também campos que estão longe da civilização, onde a vida se gera, espontânea, independente da vontade humana.
O ponto de partida para a criação deste projecto surge durante a visualização do documentário O Sal da Terra de Wim Wenders e Juliano Ribeiro, sobre o fotógrafo Sebastião Salgado. Impressionou-me a quantidade de desastre humano que um indivíduo pode chegar a testemunhar e a reação de esvaziamento do seu corpo, como consequência. Inspirou-me a decisão de indivíduos de inverter um desastre provocado Homem. Surpreendeu-me a relativa rapidez com que se pode reconstruir todo um ecossistema. Enterneceu-me o processo interior que pode acontecer no indivíduo à medida que cuida e observa o vibrante crescendo de vida que acontece ao seu redor.



E no entanto, na humildade do desastre, uma flor nova irrompe — nova. Como a primeira flor ao vento sobre a face da Terra. Porque nós estamos vivos e toda a grandeza assim se nos mantém. Estamos vivos, sabemo-lo. O facho de luz que de nós se projecta, a nós regressa e ilumina — ilumina o que não desejamos destruir.
Vergílio Ferreira in Invocação ao Meu Corpo
I told woman we should sing. And they said ‘You are crazy, we are at war’. And I said that is exactly why we should sing.
Raja Banout
Nothing but death and asphalt for miles.
Naomi Klein
Tocando aquela terra, pensei: ela também está em mim. Nós dois somos parte do mesmo planeta. Vivemos a mesma história.
Sebastião Salgado
Sinopse
Erm. Um olhar ao desastre humano e um corpo que se expande em busca de equilíbrio.
Lugar deserto. Longínquo. Inabitado. Onde o nada floresce e a vida se encontra, solitária. Trespassados e engolidos pela brutalidade de uma sociedade que não pára de crescer, escasseiam lugares ermos. Escasseia espaço. Escasseia tempo. Erm fala do desastre humano e de como nos posicionamos perante este, numa tentativa de encontrar um equilíbrio. Fala da responsabilidade para com o meio que nos rodeia, para com as gerações presentes e futuras e do que queremos cuidar e não destruir. Fala no feminino. É ancestral e atemporal.
Ficha técnica e artística
Concepção, direcção e interpretação
Teresa Santos
Música original
Jordina Millà
Olhar externo e operação
Dídac Gilabert
Desenho de luz
Dídac Gilabert e Teresa Santos
Fotografia
vintiset.net
Fotografia de cena
Nuno Leites
Vídeo
Registo: Cine-Teatro Garrett
Edição: vintiset.net
Co-produção
Grito imagens / Ventos e Tempestades
Apresentações
Cal Comabella, Balaguer
FIS – Festival Internacional de Solos